sábado, 13 de abril de 2024

O LIVRO SUA MAJESTADE XCVI - O MÁGICO DE OZ

 Simplesmente mágico!!!

Assim começo a descrever esta fábula que encanta gerações desde 1900.

Escrito por Lyman Frank Baum (1856-1919) "O Mágico de Oz" é uma história tão original, autêntica, bela, e traz a reflexão de que por mais que existam lugares fantásticos e reinos de faz de conta, "não há lugar melhor que nossa casa". 

Talvez esteja aqui o segredo para o sucesso contínuo deste clássico, que publicado há mais de um século, desafia o tempo e se mantém uma das histórias mais queridas e emblemáticas da literatura ocidental.

Os personagens Dorothy, o Espantalho, o Homem de Lata, o Leão Covarde, o Mágico de Oz, as bruxas e os curiosos outros personagens que aparecem durante a aventura, demonstram a genialidade de Frank Baum em descrever uma história tão marcante e tão incomum. 

A fábula "O Mágico de Oz", desempenha um papel vital na literatura, pois além de proporcionar entretenimento, traz também valiosas lições morais embaladas em narrativas envolventes.

Dorothy, Espantalho, Leão Covarde, Homem de Lata e Totó

A história conta a jornada de Dorothy, que teve sua casa do Kansas (EUA), com ela e seu cachorrinho Totó dentro, levada por um ciclone para uma terra distante e desconhecida cheia de novos e diferentes seres. Assim começa a jornada aventureira de Dorothy. 

Após sua casa, depois do ciclone, "pousar" nesta terra desconhecida, Dorothy sai a caminhar e encontra uns habitantes chamados Munchkin. Dorothy pede ajuda para voltar para sua casa no Kansas e eles dizem que só quem poderia ajudar era o Mágico de Oz. 

Na busca pela cidade do Mágico de Oz, Dorothy encontra o Espantalho preso em uma plantação. Para surpresa de Dorothy o Espantalho começa a falar com ela. Dorothy liberta o Espantalho e conta sua angústia para voltar à sua casa. Seguem juntos a caminhada em busca de Oz e encontram o Homem de Lata e depois o Leão Covarde.

Cada um desses persongens tem um motivo para ir em busca da cidade onde mora o Mágico de Oz, pois ele era a única pessoa que poderia ajudá-los.

Dorothy queria voltar para sua casa no Kansas, o Espantalho queria um cérebro, o Homem de Lata queria um coração e o Leão Covarde queria ter coragem para ser o rei dos animais. Dorothy é firme, segura e determinada, o que instintivamente a estabelece como líder do grupo.

Assim, os quatro mais o Totó, partiram na busca do Mágico de Oz. A história toda é nessa caminhada incrível, desafiadora, cheia de obstáculos e persongens bizarros. Bruxas, macacos alados, flores perfumadas tóxicas, feras horrendas, homens cabeça de martelo, árvores que com seus galhos prendiam os passantes, pântanos, rios profundos, muralhas gigantescas, cidade de porcelana onde tudo era "quebrável", entre outras tantas dificuldades. Todos personagens encontrados no caminho indicavam que Oz morava na Cidade de Esmeraldas.

Porém, nada detinha os quatro amigos que seguiram firme até......... não vou estragar a história.

Será que sobreviveram aos malvados seres encontrados ao longo do caminho? Será que encontraram o Mágico de Oz? Se encontraram o Mágico de Oz, seus desejos foram atendidos? 

Cidade de porcelana


Bem, além da história incrível e fascinante, a edição do livro, desde a capa e as gravuras internas é algo muito lindo e especial.

Sempre digo que o conteúdo sempre é o principal, mas uma bela forma potencializa e muito seu conteúdo. A coleção Fábulas Dark da editora DarkSide é simplesmente espetacular.

Bem, através da jornada de Dorothy e seus companheiros em busca do Mágico de Oz, somos levados a refletir sobre temas como coragem, amizade, determinação e autoconhecimento. Dorothy através de sua jornada na terra de Oz nos ensina sobre a importância de enfrentar desafios com determinação e compaixão, enquanto buscamos nossos próprios caminhos de autoconhecimento e crescimento.

Essas histórias, muitas vezes repletas de elementos fantásticos e mágicos, nos transportam para mundos de imaginação e possibilidade, proporcionando uma pausa bem-vinda das preocupações do dia a dia. Além disso, as fábulas oferecem uma linguagem acessível e uma estrutura narrativa simples, tornando-as acessíveis a leitores de todas as idades, enquanto ainda carregam profundidade e significado.

Assim, "O Mágico de Oz" reside não apenas na sua capacidade de entreter, mas também em sua habilidade de nos encantar e inspirar, deixando uma marca profunda em nossas mentes e corações.

Obrigado Frank Baum e obrigado Dorothy por eu poder dizer: é um dos melhores livros que já li.

Boa leitura!

Professor Mario Mello

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sábado, 9 de março de 2024

O LIVRO SUA MAJESTADE XCV - O JOVEM

 "Ao lado dele, minha memória parecia infinita. Essa espessura de tempo que nos separava era de uma grande delicadeza e dava mais intensidade ao presente."

Esse é o segundo livro de Annie Ernaux (1940 - ) que leio em poucos dias. Fiquei muito curioso com os livros de Annie, pois não é sem mérito que alguém ganha o Prêmio Nobel de Literatura, como Annie ganhou em 2022.

"O Jovem", escrito entre 1998 e 2000, publicado em 2022, reflete bem o traço característico de Annie que é dizer muito com poucas palavras. 

O livro conta o relacionamento que teve aos 54 anos com um estudante 30 anos mais novo.

Como diz Annie no livro: era um relacionamento de conveniência. O rapaz não gostava de trabalhar, em troca lhe dava prazer e possibilidade de viver experiências que nunca imaginaria repetir.

Estão presentes no livro, reflexões sobre o desejo feminino, o relacionamento entre pessoas de classes sociais diversas, a memória, o preconceito de algumas pessoas sobre o casal de idades bem diferentes e principalmente a passagem do tempo.


Annie Ernaux utiliza uma narrativa não linear, alternando entre lembranças e reflexões do presente, para reconstruir sua jornada como jovem mulher na França dos anos 1950 e 1960. 

Ela examina não apenas suas próprias experiências, mas também a sociedade e cultura da época, oferecendo uma perspectiva única sobre a juventude francesa daquele período.

Um dos aspectos mais marcantes do livro é a habilidade de Ernaux em capturar a essência da juventude, com suas ansiedades, paixões e sonhos. Ela aborda questões universais, como a busca pela identidade e o confronto com as expectativas sociais, de uma maneira que ressoa com leitores de diferentes origens e gerações.

O livro ainda traz na contracapa, manuscritos que dão mais uma característica ímpar ao exemplar lançado, aqui no Brasil, pela Editora Fósforo.

No geral, "O Jovem" é uma obra profundamente pessoal e universal ao mesmo tempo, que convida o leitor a refletir sobre sua própria juventude e os desafios que enfrentou ao longo do caminho.

Enfim, é uma "jóia".

Boa leitura!

Professor Mario Mello


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Outro livro da mesma autora chamado: O acontecimento

sexta-feira, 8 de março de 2024

O LIVRO SUA MEJESTADE XCIV - O LUGAR



"O Lugar" é um livro escrito pela francesa Annie Ernaux (1940 - ) que a alçou a uma das mais importantes escritoras vivas da França.

Vencedor do Prêmio Renaudor em 1984, o livro se debruça sobre a vida do próprio pai, para investigar relações familiares e de classe.

Annie Ernaux foi ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura em 2022, pelo conjunto de sua obra.

Annie Ernaux - fonte: Google
Annie é uma das pioneiras do estilo autoficção, pois costuma escrever histórias autobiográficas, que fazem uma reflexão sobre os contextos sociais que ela viveu.

"O Lugar" é um livro de menos de 70 páginas, mas muito intenso e tenso. Ela conta a história de vida regida pela necessidade e não sob o ponto de vista artístico.

A história começa a poucos meses do século 20, em um vilarejo na região de Pays de Caux, interior da França.

O pai de Annie pertence a um mundo no qual o trabalho físico estabelece o valor das coisas, onde o afeto e a intelectualidade têm pouco espaço.

Trabalhando desde criança, depois em uma fábrica até montar seu próprio negócio um café mercearia, o pai sempre foi um homem rude, porém dedicado à família. Annie, por sua vez, foi crescendo e sonhando em ser professora. Isso foi afastando ela intelectualmente de seu pai.

O livro "O Lugar" é amplamente elogiado pela crítica e pelos leitores por sua narrativa envolvente e íntima. Annie Ernaux é conhecida por sua habilidade em explorar temas familiares e relacionamentos pessoais de uma maneira profunda e sensível. "O Lugar" não é exceção, oferecendo uma reflexão comovente sobre a influência do afeto paternal na vida da protagonista. A obra é elogiada por sua escrita delicada e pela capacidade de capturar as complexidades das relações familiares e as nuances da experiência humana.

Enfim, "O Lugar", para quem ainda nào leu nenhuma obra de Annie é um excelente começo para conhecer esta maneira única de escrever. Ela está sempre dentro da obra. Ela está presente do início ao fim.
Annie tem muita coagem em escrever desta forma, pois não abre espaço para sentimentalismo, no abismo que se formou entre ela e o pai, porém sem nunca ter sido dito nem por um, nem pelo outro.

É um livro fascinante!!!

Boa leitura.

Professor Mario Mello

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segunda-feira, 4 de março de 2024

O LIVRO SUA MAJESTADE XCIII - ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

 Impactado!

É esse o adjetivo que começo o post, para descrever como me senti ao ler o livro.

É um livro intrigante e poderoso!

Após mergulhar nas páginas de "Ensaio sobre a Cegueira", de José Saramago (1922-2010), me vi profundamente envolvido em um mundo de reflexões perturbadoras e inquietantes.

José Saramago

A narrativa visceral e a escrita magistral do autor levam a uma jornada emocional intensa, na qual se confrontou com a fragilidade da condição humana e a escuridão que pode residir dentro de cada um de nós.

Cada palavra pareceu ecoar como um grito de alerta para a complexidade das relações sociais, a falta de empatia e as consequências devastadoras da negação da humanidade. A experiência da leitura foi tão marcante que deixou reflexões profundas sobre a natureza da existência e o valor da compaixão.
Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1998, Saramago é considerado a maior expressão da literatura portuguesa contemporânea.

"Ensaio sobre a Cegueira" é um livro tão impactante por vários motivos, mas também, como disse Saramago quando ainda escrevia o livro: "decidi que não haverá nomes próprios no Ensaio, ninguém se chamará Antonio ou Maria, Laura ou Francisco, Joaquim ou Joaquina. Estou consciente da enorme dificuldade que será conduzir uma narração sem a habitual, e até certo ponto inevitável, muleta dos nomes, mas justamente o que não quero e ter de levar pelas mãos estas sombras a que chamamos personagens, inventar-lhes vidas e preparar-lhes destinos."
Essa edição mantém a grafia vigente em Portugal


E assim foi. Os protagonistas do livro são: o médico, a mulher do médico, o primeiro cego, a mulher do primeiro cego, a rapariga dos óculos escuros, o rapazinho estrábico e o velho da venda preta.

A história começa quando um homem a dirigir seu veículo e parado em um semáforo, perde completamente a visão. Vai consultar com o médico oftalmologista que horas depois também perde a visão. A partir daí desencadeia uma onda de cegueira por toda a cidade.

Esses cegos são colocados, pelo governo, em um manicômio abandonado, para proteger a população da contaminação. Vigiados à mão forte, não podendo sob hipótese nenhuma sair dali e, cada vez chegando mais e mais cegos, tornando o ambiente um caos.
Sem nenhuma ajuda de outras pessoas, sem condições mínimas de higiene, com um mínimo de comida, a condição humana chega a um nível de degradação descomunal.
Com a chegada de mais cegos, uma gang do mal se instala no manicômio e só faz o tormento e a degradação humana aumentar.

A cegueira branca como é contada no livro, devora, mais do que absorve, não só as cores, mas as próprias coisas e seres.

Enfim, o livro é uma imensidão de sentimentos profundos, que nos leva a refletir, neste momento, que grande parte do mundo se assombra e se cega.

Diz Saramago: "mas já estamos todos cegos".

Boa leitura!

Professor Mario Mello


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sábado, 27 de janeiro de 2024

O LIVRO SUA MAJESTADE XCII - É A ALES

Jon Fosse

 Jon Fosse (1959 - ) é um renomado autor norueguês, conhecido por suas obras teatrais e literárias, muitas vezes explorando temas existenciais e psicológicos. Ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 2023, Jon Fosse, conseguiu como poucos criar uma forma literária própria.

Neste livro chamado "É a Ales" o texto é único sem pontuação (pontos), apenas algumas vírgulas, o que torna a leitura bem diferente das frases normais. É bem divertido!!! É bem desafiador, também!!!

O livro retrata a história de um homem, Asle, que sai com um barco pelos Fiordes Noruegueses, para nunca mais voltar e de uma mulher, Signe, que permanece à sua espera. Além disso relata marcas indeléveis que unem cinco gerações de uma família.


Numa quinta-feira, de março de 2002, Signe está deitada em um banco de sua casa e tem uma visão de si mesma há mais de vinte anos: parada na janela, esperando por seu marido Asle, no fatídico dia no fim de novembro de 1979, quando ele saiu em um barco e nunca mais foi encontrado.

A trama se amplia para incluir até os laços familiares que remontam à trisavó de Asle, Ales.

Com uma prosa hipnótica (frases sem ponto final) e alucinante, o autor constrói um mundo em que todos esses momentos das gerações habitam o mesmo espaço, pois moravam na mesma casa.

As vozes e as narrativas de Jon Fosse, entre as várias gerações se interrompem e interferem umas nas outras. Impressionante!!!!

É uma leitura distinta e diferenciada daquilo que estamos acostumados a ler.

"É a Ales" é uma obra-prima visionária. É comovente ver a espera de Signe, pelo marido que nunca volta.

Além disso a nossa relação com o passado que é inescapável. Ainda mais quando várias gerações habitaram a mesma casa.

Fiorde Norueguês

Toda a história se passa num vilarejo próximo a um Fiorde. O autor consegue remeter o leitor, através da imaginação, das belas paisagens dos Fiordes.

Enfim, é um livro profundo que nos remete a pensar em nossos antepassados, nos remete a pensar no amor, nos remete a pensar na ausência de alguém querido, nos remete a pensar na noção de tempo e outras tantas reflexões.

Um escritor/autor, como Jon Fosse, que ganha um Nobel de Literatura, não é por acaso.

Particularmente esta obra é simplesmente genial. A leitura de "É a Ales" é uma experiência extraordinária.

PS: Não posso deixar de mencionar minha querida sobrinha Carolina Cervo pelo (segundo) presente de Natal/2023. É sua marca registrada me presentear com livros (sempre fantásticos).

Professor Mario Mello



segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

O LIVRO SUA MAJESTADE XCI - O JARDIM SECRETO

 Começo meu texto com uma obviedade:

"Um clássico é um clássico"

O Jardim Secreto, escrito em 1911, pela escritora inglesa Frances Hodgson Burnett (1849-1924), é daqueles livros imperdíveis. De leitura fácil e singela, o Jardim Secreto, deixa muitas mensagens para reflexão.

Atravessou décadas e décadas chamando atenção dos leitores pela seu encanto de uma história doce e delicada, sobre o poder transformador da magia, da natureza e da amizade.

A história começa na India onde a protagonista uma menina de apenas 10 anos, Mary Lennox, perde a mãe e o pai, num surto de cólera. Mary não sente a morte dos pais, pois eles sempre delegaram a criação dela aos empregados/criados da casa. Por isso, Mary era uma menina malcriada, rabugenta, desaforada, mandona e tinha o apelido de "Mary do Contra". A menina era magra, feia, quase raquítica.

Seu único parente é um tio milionário e misterioso que mora em um castelo de 100 cômodos em Yorkshire, no interior da Inglaterra. Mary é, então, enviada para morar com seu tio, Archibald Craven, que designa a Sra. Medlock para vigiar a menina.

O tio de Mary havia perdido a esposa hà dez anos. Desde então se tornou uma pessoa amarga e difícil de conviver. Passava maior parte do tempo viajando, sem estar no castelo. A tia de Mary, que morreu, era uma pessoa querida por todos  e tinha um jardim onde ela cultivava suas e flores e arbustos. Desde a sua morte o tio de Mary, proibiu a todos que entrassem no jardim, cuja porta foi trancada e a chave enterrada. Quando Mary soube da história, ficou enlouquecida para descobrir onde era o jardim. Daí o nome de Jardim Secreto.

Pois bem, aí começa o protagonismo de Mary, fazendo outras descobertas no castelo de 100 cômodos, enlouquecendo a Sra. Medlock. A partir de um curto espaço de tempo, Mary descobre outro personagem no castelo (não vou contar quem é para não estragar a leitura) e a história toma outro rumo, com Mary dividindo o protagonismo da história com ele.

Há tantas passagens lindas na história, onde a natureza tem papel destacado, mostrando a magia que ela (natureza) proporciona para as pessoas. As histórias mais mágicas são capazes de atravessas as barreiras do tempo, pois transmitem lições de vida, independente de sua época. O Jardim Secreto tem mais de 110 anos e continua encantado leitores de várias gerações. 

O poder de transformação que uma criança de 10 anos proporcionou em várias pessoas, é comovente. Lindo!!!!

O livro aborda temas como a importância da natureza, a cura através do contato com o mundo ao ar livre, e a transformação pessoal através da amizade. Além disso, explora a ideia de que, ao cultivar e nutrir algo, seja um jardim ou uma amizade, as pessoas podem encontrar cura e felicidade.

A narrativa encantadora e as lições atemporais sobre crescimento, amizade a a importância do meio ambiente, garantem que o livro permaneça cativante e relevante, para leitores de todas as idades.

Por fim, não poderia deixar de falar da belíssima edição da Darkside. É uma edição linda com várias ilustrações, as folhas com a borda verde, a capa especial, ou seja, é mais prazeroso ainda, ler uma bela história em um livro bonito. Um show!!!!

Vale muito a leitura do Jardim Secreto.

Finalizo dizendo: "Um clássico é um clássico".

Professor Mario Mello 


terça-feira, 9 de janeiro de 2024

O LIVRO SUA MAJESTADE XC - AS CIDADES INVISÍVEIS

 Italo Calvino (1923-1985), cubano de nascimento mas italiano de criação, pois foi à Itália com poucos dias de vida, consegue magistralmente escrever um livro, tal qual seu título. Sou muito fã do Italo Calvino. Quem acompanha o Blog encontrará textos sobre outros livros dele: O cavaleiro inexistente; O Barão nas árvores; O Visconde partido ao meio.

Italo Calvino

O livro trata de parte da vida de Marco Polo, o famoso viajante veneziano, que descreve para Kublai Kahn (1215-1294), a quem serviu durante muitos anos, as incontáveis cidades do imenso império do conquistador Mongol. O Império Mongol foi de 1260 a 1294.

É impressionante como a cada página, a cada nova cidade elas parecem invisíveis. Assim que Kublai Kahn percebia.

Quem conhece o livro As mil e uma noites, deve
lembrar que a protagonista Scherazade contava, todas as noites, uma história diferente ao Sultão. Isso foi por mil e uma noites de histórias magníficas que encantavam o Sultão.


Assim, Marco Polo, a cada viagem que fazia, em seu retorno, contava para Kublai Kahn o que encontrara em cada cidade. Por exemplo, em Eudóxia, com vielas tortuosas, escadas, becos, casebres, conserva-se um tapete no qual se pode contemplar a verdadeira forma da cidade. Muitos profetas, tinham certeza que o harmônico desenho do tapete era de feitura divina.

Outra cidade chamada Armila era feia, demolida, inacabada. Não havia paredes, telhados nem pavimentos. Diz a lenda que existia um feitiço para que ela fosse assim.

E assim, a cada viagem, Marco Polo trazia esses relatos ao Kahn. Lendo esses pequenos trechos não parece mesmo Cidades Invisíveis?

Pois é assim durante todo o livro. As cidades são complexas, cada uma com uma abordagem e características diferentes. É uma tensão entre a racionalidade geométrica e o emaranhado das existências humanas.

A leitura do livro é muito divertida, mas o autor alerta: "é preciso, para o maior prazer da leitura, que não se deve devorar As cidades Invisíveis, com a avidez de querer saber o que vai acontecer depois, mas saborear lentamente cada texto em si mesmo."

Desta forma, nenhum spoiler para o final do livro, apenas "saboreie" as histórias das cidades invisíveis. 

Para mim, foram invisíveis até serem descritas por Marco Polo, pois a partir daí a imaginação ganha força e parece que se tornam visíveis pelas magníficas descrições.

É o primeiro livro que leio em 2024, presente de Natal/23 da minha querida sobrinha Carolina Cervo. 😍

Boa leitura!!!

Professor Mario Mello