Já escrevi isto em outros posts mas, nunca é demais repetir. O conteúdo de uma obra, claro, sempre é o mais importante.
Mas, uma edição bonita, com capa dura, com ilustrações "iradas", com as folhas douradas, enfim, com várias valências que valorizam a obra em si é muito legal.
O livro começa com aquele que não foi só um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, como também ainda hoje é considerado o maior e mais universal de nossos escritores: Machado de Assis (1839-1908).
Um dos contos escritos por Machado de Assis é "A Igreja do Diabo". A história conta o dia que o Diabo resolveu fundar uma igreja. Uma igreja do Diabo era o meio eficaz de combater as outras religiões e destruí-las de uma vez. Em confronto com Deus, o Diabo não entende muitas coisas extraordinárias que acontecem e.... bem, não vou contar o final, mas posso dizer que é autêntico.
Outro autor que faz parte da coletânea é Coelho Neto (1864-1934). O conto "A Sombra" foi o mais genial que eu achei neste livro. É a história de um médico, pesquisador e dono de um laboratório que enlouquecido de ciúmes de sua mulher, injetava nela bacilos de tuberculose, vírus e outros germes letais, com o objetivo de mata-la. Porém quem via a vítima (sem saber do que estava ocorrendo) apregoavam o reviçamento dela. Cada vez mais robusta, aspecto magnífico, higidez absoluta. O marido assustado, aumentava as doses de bactérias e outros contaminantes. Bem, claro que não vou contar o final, também, mas digo que é assombroso.Mais um autor que faz parte da coletânea é João do Rio (1881-1921). João do Rio é um dos vários pseudônimos que João Paulo Emilio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto usou para escrever seus contos. Ele teve uma vivência tão íntima e intensa com sua cidade, o Rio de Janeiro, que ficou imortalizado como o João do Rio. Mulato, gordo e gay, João do Rio teve dificuldades para ser aceito na Academia Brasileira de Letras. Ficou poucos anos, pois quando seu desafeto Humberto de Campos foi eleito, fez com que João do Rio se desligasse de vez da academia.Na coletânea aparece o conto "A Peste". Muita semelhança com o que aconteceu/acontece hoje com o "covid". O protagonista Francisco estava apavorado com o crescente aumento dos casos de varíola, que ele chamava de vermelha. Um dia Francisco indo por uma rua de subúrbio, encontrou com gritos e imprecações um bando de gente que arrastava ao sol um caixão. Era uma pobre família levando à igreja o cadáver de uma criança. Estamos perdidos, disse Francisco. Estamos no ponto terminal.
É o diabo. A epidemia tem impedido vários prazeres. Francisco ficando cada vez mais assustado com a quantidade de vítimas próximas. Terror!!! Bem, como escrevi antes, não vou contar o final, mas posso dizer: é pavoroso.