terça-feira, 9 de janeiro de 2024

O LIVRO SUA MAJESTADE XC - AS CIDADES INVISÍVEIS

 Italo Calvino (1923-1985), cubano de nascimento mas italiano de criação, pois foi à Itália com poucos dias de vida, consegue magistralmente escrever um livro, tal qual seu título. Sou muito fã do Italo Calvino. Quem acompanha o Blog encontrará textos sobre outros livros dele: O cavaleiro inexistente; O Barão nas árvores; O Visconde partido ao meio.

Italo Calvino

O livro trata de parte da vida de Marco Polo, o famoso viajante veneziano, que descreve para Kublai Kahn (1215-1294), a quem serviu durante muitos anos, as incontáveis cidades do imenso império do conquistador Mongol. O Império Mongol foi de 1260 a 1294.

É impressionante como a cada página, a cada nova cidade elas parecem invisíveis. Assim que Kublai Kahn percebia.

Quem conhece o livro As mil e uma noites, deve
lembrar que a protagonista Scherazade contava, todas as noites, uma história diferente ao Sultão. Isso foi por mil e uma noites de histórias magníficas que encantavam o Sultão.


Assim, Marco Polo, a cada viagem que fazia, em seu retorno, contava para Kublai Kahn o que encontrara em cada cidade. Por exemplo, em Eudóxia, com vielas tortuosas, escadas, becos, casebres, conserva-se um tapete no qual se pode contemplar a verdadeira forma da cidade. Muitos profetas, tinham certeza que o harmônico desenho do tapete era de feitura divina.

Outra cidade chamada Armila era feia, demolida, inacabada. Não havia paredes, telhados nem pavimentos. Diz a lenda que existia um feitiço para que ela fosse assim.

E assim, a cada viagem, Marco Polo trazia esses relatos ao Kahn. Lendo esses pequenos trechos não parece mesmo Cidades Invisíveis?

Pois é assim durante todo o livro. As cidades são complexas, cada uma com uma abordagem e características diferentes. É uma tensão entre a racionalidade geométrica e o emaranhado das existências humanas.

A leitura do livro é muito divertida, mas o autor alerta: "é preciso, para o maior prazer da leitura, que não se deve devorar As cidades Invisíveis, com a avidez de querer saber o que vai acontecer depois, mas saborear lentamente cada texto em si mesmo."

Desta forma, nenhum spoiler para o final do livro, apenas "saboreie" as histórias das cidades invisíveis. 

Para mim, foram invisíveis até serem descritas por Marco Polo, pois a partir daí a imaginação ganha força e parece que se tornam visíveis pelas magníficas descrições.

É o primeiro livro que leio em 2024, presente de Natal/23 da minha querida sobrinha Carolina Cervo. 😍

Boa leitura!!!

Professor Mario Mello

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