sexta-feira, 29 de julho de 2011

A arte do tempo

MARIO  MELLO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
Julho/2011


 O TEMPO

Será o tempo uma arte? Será o tempo a própria vida? Será que a doença do mundo moderno é a falta de tempo e não sabemos se tem cura?  E o tempo vivido é suficiente? Quantas perguntas e talvez todos tenhamos nossas “regras” ou todos temos nosso “jeito” de tratar do tempo.
Se fosse possível conceituar o tempo, poderíamos dizer que é aquilo que mede uma transformação. Por exemplo um ovo cru em um ovo cozido a transformação é de cerca de 3 minutos; de um menino a um homem é de cerca de 20 anos; e assim por diante.
Usando uma pequena metáfora, podemos dizer que temos uma “pequena pasta” de tempo onde só cabem 24 horas. Nestas 24 horas temos: reuniões, transportes, escola, encontros, telefonemas, refeições, leitura de revistas, jornais, livros, esporte, compras, amores, trabalho e .... transbordou nossa pasta das 24 horas e ainda não dormimos.
Sim, o tempo é uma arte. Arte de saber usá-lo. Ganhar ou perder tempo não tem sentido algum. Na prática o tempo é um recurso disponível e essencial e dotado de características para que todos usem. Como todo recurso o tempo está disponível e destinado a ser usado. Talvez seja o recurso mais democrático existente na natureza, pois qualquer um tem o mesmo tempo. Ele não pode ser comprado nem vendido: o poderoso ou o miserável, o trabalhador ou o aposentado, o inteligente ou o ignorante, cada um tem estritamente o mesmo tempo a sua disposição.
A nossa vida se confunde com o tempo. Como temos todo o tempo a nossa disposição, o único poder que temos é a capacidade de mudar nossas atitudes em relação ao tempo. Como o tempo não pode ser economizado, estocado, fabricado ou multiplicado, se não o usarmos adequadamente ele desaparece da mesma maneira. Por exemplo o avião Concorde, embora tenha sido um desastre financeiro, talvez tenha sido o primeiro produto comercial que permitiu ao homem realizar um de seus mais velhos sonhos: voltar no tempo. Decolando as 11 horas de Paris e pousando em Nova York as 8 horas, permitia a alguns privilegiados chegar 3 horas antes de ter partido. Obviamente que isto corresponde a um tempo simbólico pois embora este relógio possa representar um triunfo sobre o tempo, o verdadeiro relógio, o biológico não se alterava.
Time is Money, provavelmente esta seja a doença dos últimos séculos pois invariavelmente nos leva ao estresse. Para alguns, o dinheiro é um elemento neutro na análise do tempo, pois ele pode ser bem ou mal empregado. Já o tempo, no fim das contas é o que mede nossas vidas, ou seja, o homem sempre associou o uso do tempo ao sentido da vida pois a consciência de que o tempo é um recurso escasso e que não se compra ou não se vende desassocia o tempo do dinheiro. Não podemos desconsiderar que o dinheiro tem um papel influente na sociedade de consumo, porém ele, dinheiro, não compra o tempo e que tem mais ou menos dinheiro, não tem mais ou menos do que as 24 horas dentro da sugerida “pasta das 24 horas”.
O tempo vivido talvez seja o bem mais precioso que temos, pois está ligado ao precedente, ou seja, nossa história. Para o tempo vivido uma hora, um mês, um  ano, não tem a mesma duração subjetiva pois depende das circunstâncias que  se deram esta hora, este mês ou este ano. É o tempo vivido que em diversos graus faz falta para todos nós. Muitos de nós não valorizamos o tempo presente, queremos antecipar o futuro, como que para apressar seu passo, ou valorizamos demais o passado para segurá-lo porque ele se vai muito rápido. Somos um pouco imprudentes pois muitas vezes invadimos o tempo dos outros e deixamos que outros invadam o nosso tempo.
Para finalizar, uma frase de Napoleão Bonaparte: “O tempo é a grande arte do homem.”

Professor Mario