sábado, 31 de outubro de 2015

O Livro sua Majestade XII - A mandrágora

Nicolau Maquiavel que para muitos é o "pai" da filosofia moderna nasceu em Florença na Itália em 1469. Sua história se confunde com a história de Florença e marcou época por suas obras literárias e por sua atuação na política.

Maquiavel sempre foi uma figura polêmica e talvez mal entendido porque ele simplesmente fez da prática uma teoria.
O enunciado brutal dos princípios do maquiavelismo, com sua chocante amoralidade, explicitaria a realidade interna do poder político.

Autor de obras como "O Príncipe" e "Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio" Maquiavel criou o célebre princípio de que "os fins justificam os meios".

Porém o que poucas pessoas sabem é que Maquiavel foi o mais talentoso escritor de comédias de sua época.
Maquiavel modernizou o gênero que, na Renascença Italiana, ainda estava preso à imitação dos clássicos latinos, o que faz com suas comédias pareçam tão atuais quanto os seus escritos políticos.

A mandrágora é sua melhor comédia. Em seus quinhentos anos, a peça não perdeu a atualidade, provocando sempre muito riso.
A mandrágora

O livro "A mandrágora"  conta a história de um burguês que não consegue ter filhos com sua esposa e então aparece um legítimo personagem de Maquiavel para resolver a situação.
  A mandrágora, uma raiz milagrosa, é um brilhante pretexto para ludibriar o personagem messer Nícia a entregar sua esposa a outro personagem para que ela possa engravidar.

Ilustrações do livro
Neste livro a paixão está ausente e a história prima por sua objetividade cruel e severa.
Ao estilo Maquiavel.

Na história, o marido negocia com um frade; o amante finge-se médico; os criados oferecem seus préstimos e fica fácil perceber uma armação tão claramente organizada que leva a conclusões inevitavelmente racionais.

Parece, guardadas as proporções, com o que está acontecendo hoje na política brasileira.
Um fingimento só.

Em "A mandrágora" Maquiavel brinca cruelmente com a sociedade burguesa com a negociação monetária para adquirir benefícios e vantagens.

Pois bem, é uma história imperdível, até para conhecer mais de Maquiavel.
Nesta obra, fica bem claro seu famoso princípio: "os fins justificam os meios"
Vale muito a pena a leitura.

Boa leitura!

Professor Mario Mello

PS: Este texto foi escrito lembrando das centenas de falcatruas que a cada dia aumentam em nosso país com a máquina corrupta instalada principalmente no alto escalão do governo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

O livro impresso não vai acabar

"Não contem com o fim do livro". 
Usando esta expressão do escritor, filósofo e bibliófilo italiano Umberto Eco, começo este texto com a mesma convicção: o livro impresso não vaia acabar.

Por mais que os smartfones, tablets, computadores avancem com tecnologias para leitura de e-book, o livro não vai desaparecer.
O livro ultrapassou a história da humanidade contribuindo para o melhor e as vezes para o pior.
As revoluções tecnológicas anunciadas ou temidas não o exterminarão.

A Divina Comédia de Dante
Não teria sentido ler Dante, Dostoiévski, Tolstoi, Victo Hugo, Dumas, Kafka entre outros clássicos na tela de um computador.
Ilustrações de Dante


Explico: O livro de Dante, a Divina Comédia cuja foto está ao lado tem em suas dimensões 38cm x 28cm. Ilustrações de páginas inteiras com alguns manuscritos de Dante. Como apreciar isto num computador?
Obras de Dumas
Nas obras de Alexandre Dumas como o Conde de Monte Cristo, Os três Mosqueteiros, A mulher da gargantilha de veludo além das histórias incríveis que nos transportam à época os desenhos e figuras são simplesmente geniais.

E o Livro das Mil e Uma Noites com as fascinantes histórias do Oriente Médio com reis, bandidos, desertos, oásis lido no velho e bom papel tem outra dimensão.



Os clássicos russos Dostoiévski e Tolstói que são profundos e retratam uma época onde a Rússia tinha grande influência na literatura mundial ler em papel significa uma imersão pelas mazelas humanas que só esta boa literatura tem capacidade de demonstrar. 
Também são livros com ilustrações belíssimas que aguçam ainda mais o leitor na busca dessa imersão na história.



Edições Argentinas
Um bom livro, é obvio que tem que ter uma boa história, mas, que a capa, as figuras, as ilustrações o tornam mais atraente, não tenho dúvida. 


Ilustrações de Martin Fierro
Um dos livros mais belos que tenho e com uma história toda narrada em poesia é Martin Fierro. 

Personagem e herói argentino e "gaucho" Martin Fierro ainda comove gerações com sua história de bravura na época da colonização da América do Sul.

Comprado na Argentina é uma edição histórica pela qualidade da impressão e das ilustrações nele contidas. Aliás Buenos Aires foi considerada várias vezes por órgãos internacionais como a capital mundial das livrarias. Já escrevi aqui um post sobre isso. As livrarias de Buenos Aires são lugares obrigatórios para os amantes da literatura e das artes.

Jack Kerouac com seu imperdível "On the road" que se tornou um clássico da juventude dos anos 60, 70, 80 e até 90. Kerouac foi o maior expoente da geração beatnik e com essa sua obra-prima se tornou o mais influente da geração de 60 que colocava uma mochila nas costa e saía viajar.

Não dá para ler um clássico de uma geração que começou a mudar o mundo na tela de um tablet. Não dá mesmo!!!

Machado de Assis
E as obras de Machado de Assis como Helena, A Mão e a Luva, Histórias da meia-noite, entre tantas do nosso consagrado escritor? Como apreciar no computador seus manuscritos e as ilustrações como a que vemos em Helena?
Até mesmo obras contestadas e proibidas por algum tempo, como foi "Minha Luta" de Adolf Hitler tem outro sentido no papel.
Este livro demonstra a obstinação de Hitler em conquistar o mundo. Também aqui é importante a reflexão para não fazer e principalmente tentar não deixar alguém fazer de novo o que infelizmente foi feito.

Você que gosta da literatura e de "ter livros" uma dica: o "ex libris" que significa "faz parte dos meus livros" ou "da biblioteca de" indica que aquele livro é seu. Criado na Europa por volta do século XIII identificava os livros da realeza e da nobreza pois começavam a "desaparecer" obras importantes das bibliotecas de reis e nobres.
Foi a maneira de dizer: "este livro é meu". 
Como sou fã de livros, já tenho o meu ex libris.

Por fim, no mundo em que vivemos hoje, onde tudo é tão descartável, voltemos ao início,

Não contem com o fim do livro!

Boas leituras!

Professor Mario Mello


PS: Este texto foi escrito pensando na obsolescência programada, que espero e acredito não chegue ao livro impresso. #livroimpresso#