Este livro, "Cuidar do Ser", de Jean-Yves Leloup, desperta um sem número de sentimentos e de buscas à história antiga, para melhor entende-lo.
Jean-Yves Leloup |
Quando comecei a ler, em seguida me vi no Google buscando informações sobre Alexandria.
Esta busca sobre Alexandria remete a outras buscas da história contemporânea a Jesus Cristo.
O autor Jean-Yves Leloup nascido na França em 1950, foi criado num ambiente ateu onde se acreditava que nada havia depois da morte.
Já adulto, Leloup foi diagnosticado com morte cerebral e relata que durante sua morte física viu-se fora de seu corpo.
Fonte: Google |
Por causa desta experiência de quase-morte ele foi estudar filosofia em busca de respostas para o que teria lhe acontecido. Hoje é padre da Igreja Ortodoxa Grega, teólogo e filósofo.
O livro destina-se ao leitor que busca entender melhor sua própria história espiritual e mística, pois é interdisciplinar e tem uma visão holística.
O livro trata de Fílon e os Terapeutas de Alexandria.
Fílon de Alexandria, judeu de cultura helenista, foi contemporâneo de Jesus Cristo, porém em seus escritos não se encontram relatos do que se passava na Galileia, onde viveu Jesus.
Fílon é conhecido sobretudo por sua "arte de interpretação" dos sonhos e dos textos sagrados.
O livro descreve a tarefa considerada primordial para os Terapeutas de Alexandria: Cuidar do Ser.
Essa comunidade, dos Terapeutas de Alexandria, se caracteriza por sua atenção ao ser em todas suas dimensões: corpo, alma e espírito.
Os Terapeutas de Alexandria eram seres que sabiam orar pela saúde do outro. Eram filósofos, homens e mulheres, que amavam a sabedoria, pois sabiam relacionar cada coisa com sua causa primeira.
Definição dos Terapeutas segundo Fílon de Alexandria:
"O próprio nome desses filósofos, que chamamos de Terapeutas, revela o seu projeto, em primeiro lugar porque a medicina que professam é superior àquela que vem sendo exercida em nossas cidades; esta só cuida do corpo, mas a outra cuida também do psiquismo, atormentado por essas doenças dolorosas e difíceis de curar."
Passagem do livro:
"Falando dos terapeutas:
E de modo geral, eles se esforçam para eliminar o orgulho, sabendo que o orgulho é o começo da ilusão e ausência de orgulho é o começo da verdade, e que estas duas atitudes são como duas fontes: da ilusão brotam as diversas espécies de males e da verdade, a multidão dos bens humanos e divinos."
Os comentários de Leloup ainda trazem uma profunda reflexão a respeito do que eram os Terapeutas de Alexandria:
A antropologia dos Terapeutas, que cuida do ser em todas as suas dimensões; corporal, psíquica e espiritual, parece que se perdeu.
E, fica a pergunta:
Os Terapeutas de Alexandria tiveram sucessores?
Hoje, medicina, psicologia e espiritualidade passaram a ser domínios separados que fazem as vezes piorar em vez de curar a fragmentação do ser humano.
Leloup com muita habilidade traz a tona essa discussão.
Vale muito a pena ler "Cuidar do Ser". Eu não tenho dúvidas que vou "me cuidar mais".
Fica o convite para a leitura e para também, "se cuidar mais".
Professor Mario Mello