Para os estudiosos do processo de inovação, este livro é um prato cheio. De onde vêm as boas ideias - uma breve história da inovação - foi escrito pelo americano Steven Johnson (1968 - ), em 2010 e teve sua primeira edição em português em 2011.
Steven Johnson considerado um autor americano de ciência popular e teórico da mídia, descreve no livro, métodos e práticas para desenvolver ideias. Segundo o autor as grandes inovações criadas pela humanidade, não resultam de prodigiosos talentos individuais, ou de mentes superiores isoladas.
Ao contrário, as maiores invenções precisam de ambientes propícios nos quais possam se desenvolver.
Indicado para pessoas que desejam aprender métodos inovadores para pôr em prática ideias que facilitem a vida de todos.
Além de trazer fatos históricos sobre as principais inovações do mundo, o livro cria paralelos divertidos, inesperados e reveladores, através de sete características fundamentais dos processos de inovação, desenvolvidos pelo homem e pela natureza.
Desde a teoria da evolução de Darwin, até a criação do Youtube, Steven Johnson identifica os ambientes humanos mais férteis em pensamentos originais. Johnson defende, por exemplo, que as grandes cidades têm muito mais talentos e se fortificam através de redes para gerar processos de inovação. Sua justificativa é que as grandes cidades têm muito mais necessidades de solução de problemas, criando assim o ambiente propício para os talentos desenvolverem processos inovativos. Ele explica que o "possível adjacente", ou seja, as coisas que não são estáticas e estão conectadas criam redes e auxiliam muito no desenvolvimento de novas ideias.
Uma passagem muito interessante do livro e que diz respeito às redes é a seguinte:
"Um neurônio médio conecta-se com mil outros neurônios espalhados pelo cérebro, o que significa 100 trilhões de conexões neurais distintas, fazendo dele a maior e mais complexa rede existente na Terra. Em comparação há algo na ordem de 40 bilhões de páginas na Web. Supondo uma média de dez links por página, significa que você e eu andamos por aí tendo, dentro de nossos crânios, uma rede de alta densidade muitas ordens de magnitude maior que toda a Web." Incrível isso!!
Steven também defende que a causalidade pode gerar muitas modificações na sociedade e que a intuição também faz parte dos processos de inovação.
No capítulo do aprendizado com o erro, o autor traz vários exemplos históricos de inovação que aconteceram com o erro da pessoa que estava desenvolvendo aquele processo e o erro/equívoco gerou uma nova descoberta. O erro muitas vezes cria um caminho que desvia das suposições confortáveis, forçando a explorar novas possibilidades.
"O problema do erro é que temos uma tendência natural a desprezá-lo." Eis o erro!
Prensa de Gutenberg |
"Gutenberg pegou uma máquina destinada a embriagar pessoas e transformou-a numa máquina para a comunicação em massa."
O sétimo capítulo fala sobre as Plataformas para difusão de ideias. O ambiente do "cafezinho" é um ótimo local para difundir novas ideias e gerar novos projetos. A cafeteria do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hoppkins nos EUA, teve importante papel no desenvolvimento da comunicação, quando cientistas tomando café criaram um decodificador de sinal que conseguia receber as mensagens do satélite russo Sputnik. Isso foi uma das bases para a criação do GPS.
As plataformas de software, muita vezes chamadas de API é uma espécie de língua franca que aplicativos de software podem usar de maneira confiável para se comunicar uns com os outros. Exemplo, Twitter, Facebook, Instagram, Google Maps, entre tantos outros. Ou seja, a Web é uma plataforma em pilhas, uma sobre a outra, onde elas não partem do zero e sempre podem agregar uma nova pilha. Ou seja, as conexões das cidades grandes e as conexões da Web, nunca partem do zero.
A abordagem sobre os quatro quadrantes das ideias e inovações ressalta a parte comercial e a não comercial.
O primeiro e o segundo quadrantes se referem às ideias individuais e coletivas com interesse mercantil, Já o terceiro e o quarto quadrantes se referem às ideias também individual e coletivas, porém sem interesse econômico. Do ano de 1800 para cá, o fluxo de informações cresceu absurdamente o que remete a muitas novas boas ideias.
O livro ainda aborda, como apêndice, uma excelente cronologia de inovações fundamentais de 1400 a 2000. É uma parte preciosa do livro.
Assim, o livro traz excelentes reflexões sobre as ideias de inovação. As ideias surgem em abundância, onde a conexão é mais valorizada que a proteção.
É uma leitura um pouco técnica, mas de muita valia para entender mais sobre inovação.
Professor Mario Mello