domingo, 27 de junho de 2021

O LIVRO SUA MAJESTADE LXVIII - ESSENCIALISMO

 Da lista dos mais vendidos do New York Times, o livro Essencialismo do escritor Greg McKeown, trata de  uma estratégia da gestão do tempo, não para fazer mais coisas, mas sim, para fazer as coisas certas.

Greg Mckeown (1977 -) é escritor e palestrante em estratégia de negócios. Formado pela Universidade de Stanford na Califórnia, muito cedo começou a estudar estratégia, inclusive no famoso Vale do Silício nos Estados Unidos.

O New York Times edita centenas de livros dos mais variados assuntos e que são traduzidos para muitos países do mundo. Quando se fala em best seller ou dos mais vendidos pelo New York Times, sei que tem o lado comercial, mas sei também que se muita gente compra, alguma coisa interessante pode estar por trás da publicação.

No caso do livro Essencialismo, já tinha lido sobre ele, mas seguindo a dica de uma ex-aluna (hoje engenheira formada) Bianca Thume, comprei o livro e resolvi fazer este post sobre ele. 

A Bianca sempre foi ótima aluna e quando vejo algo indicado por alunos ou ex-alunos, como a Bianca, vou atrás, pois sei que a dica é interessante. Como professor universitário, gosto muito de incentivar e valorizar os alunos e ex-alunos que estão sempre na busca de novos conhecimentos, pois o desenvolvimento pessoal é uma das chaves para o sucesso. 

O livro trata com muita propriedade da disciplinada busca por menos. 

A capacidade e a necessidade de dizer "não" para coisas não essenciais é a chave para uma melhor gestão do tempo.

Comentário de Jeff Werner (presidente-executivo do Linkedin) sobre o livro: 

"Greg nos lembra que a clareza de foco e a capacidade de dizer "não" são aspectos desvalorizados porém fundamentais para os negócios nos dias de hoje."

É fácil falar (ou escrever) mas é difícil fazer. O livro, longe de ser uma auto-ajuda é um compilado de informações sistematizadas e exemplos para a gestão do tempo. Não é o tempo o principal mal ou bem da nossa vida? Girarmos sempre em torno do tempo. Por isso, quando tentamos fazer tudo e ter tudo, realizamos concessões que muitas vezes nos afastam do melhor caminho.

As pessoas podem alcançar o sucesso quando dizem sim para o projeto certo, na hora certa e do jeito certo. Mas como conseguir saber se aquele projeto é o certo? O livro nos traz uma estrutura de encadeamento de ações que vão facilitar as escolhas.

Saber escolher e discernir para escapar das armadilhas é um dos segredos para seguir em frente. Muitas vezes é necessário perder, para logo à frente, ganhar.

O essencialismo vai além de uma estratégia para a gestão do tempo. É também uma técnica de produtividade. É preciso eliminar o que não é essencial.

Diz o autor em um momento do livro: "para ter foco é preciso escapar para criar o foco."

Tornar a vida menos estressante e mais produtiva é um desafio para todos nós. Porém, não basta apenas vontade como: "vamos lá", "vamos que dá", "acredite em você", "você pode" entre tantas expressões que se tornam vazias se você não tem um método para seguir. 

Este é o cerne do livro: 

Qual a mentalidade da essência 👉 Como discernir as muitas trivialidades 👉 Como excluir as coisa que não interessam 👉 Como fazer as coisas essenciais.

Como disse o filósofo Sócrates (390 a.C): "Tome cuidado com a aridez de uma vida ocupada."

Assim, recomendo a leitura deste livro, pois certamente trará uma reflexão sobre as coisas, as tarefas e principalmente sobre o tempo. Agradeço, mais uma vez, a Bianca Thume pela ótima indicação.

Professor Mario Mello

sábado, 19 de junho de 2021

O LIVRO SUA MAJESTADE LXVII - O BANQUEIRO ANARQUISTA E OUTROS CONTOS

Linda capa do livro
 O grande poeta português Fernando Pessoa, também escrevia contos curtos e muito sarcásticos.

Essa edição especial e limitada da Editora Nova Fronteira, traz 21 contos de Fernando Pessoa, alguns inéditos no Brasil. É uma edição de capa muito bonita que faz parte de uma coleção chamada Clássicos de Ouro.

Pela primeira vez no Brasil é publicada uma antologia dedicada apenas às narrativas curtas. Nesta obra Fernando Pessoa mostra que sua excelência não se resume apenas aos versos poéticos.

Fernando Pessoa
Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da língua portuguesa e figura central do Modernismo português. Poeta lírico e nacionalista cultivou uma poesia voltada aos temas tradicionais de Portugal e ao seu lirismo saudosista, que expressa reflexões sobre seu “eu profundo”, suas inquietações, sua solidão e seu tédio. 

Nos vários contos do livro têm passagens geniais de quem tem a perspicácia de fazer o leitor imaginar as cenas, como se as tivesse vivendo. 

No conto "Maridos", diz Fernando Pessoa: "a alma da gente é uma coisa suja, mas
o que vale é que a alma não tem cheiro." O conto é narrado por uma esposa que assassina o marido, por motivo, segundo ela, de não haver outro remédio para estar bem com sua consciência. Cuidado maridos!!!

Em "A estrada do esquecimento" o escritor traz uma reflexão sobre a solidão. A imaginação de estar acompanhado numa cavalgada em uma noite "ilegível", cresce o terror. E a melhor passagem do conto: "pensei em gritar, mas lembrei-me, tremendo, que o meu grito podia, em vez de soar para fora, para a escuridão, soar para dentro, para o meu pensamento, e matá-lo de terror." Genial!!!

Outro conto muito interessante é "O mendigo". Começa com o seguinte diálogo: "É artista? Pintor? Poeta? -Não; sou simplesmente um atônito." O conto traz um bela reflexão sobre Deus e a natureza. A natureza para o escritor é alma. A aurora, a tarde, a noite, o dia são fenômenos espirituais. Segundo o mendigo a morte é a libertação da visão carnal das coisas. Numa árvore que é real, há momentos da árvore que são entes. O perfume é um ente, a beleza é um ente e assim tudo tem alma. As coisas têm vida, as coisas são vida e a vida transcende-se a si própria, diz o mendigo. Neste conto, Fernando Pessoa mostra seu lado filosófico. É muito interessante!

Assim, outros contos como "O eremita da Serra Negra", "O banqueiro anarquista", O crime do Dr. Cerdeira" (achei esse conto simplesmente sensacional), "A hora do diabo", entre outros, fazem do livro uma importante obra com esse lado de contador de histórias, de Fernando Pessoa.

Traz também, o lado da angústia de Fernando Pessoa em relação a sim e às coisas. 

Enfim, é um ótimo livro para conhecer bastante de Fernando Pessoa.

Boa leitura!

Professor Mario Mello

sexta-feira, 18 de junho de 2021

O LIVRO SUA MAJESTADE LXVI - A DÚVIDA

 "A dúvida é um estado de espírito polivalente. Pode significar o fim de uma fé, ou pode significar o começo de outra."

Vilém Flusser (1920-1991)
Com essas palavras Vilém Flusser dá o tom para seu livro "A dúvida".

Vilém Flusser foi um filósofo poeta, escritor tcheco-brasileiro e um judeu errante. Fugindo do nazismo, mudou-se para São Paulo onde atuou como professor de filosofia e jornalista, por cerca de 20 anos.

Autor da mais instigante obra de ficção filosófica do nosso tempo, Flusser nasce em Praga em 1920, vive no Brasil de 1940 a 1972, e morre em Praga em 1991.

"A Dúvida" é um livro instigante, pois coloca a fé como ponto de partida para uma dúvida.
A dúvida pode ser, portanto, concebida como a procura de uma certeza.

O livro traz, também, uma bela abordagem sobre o "niilismo" (que é a redução ao nada, a não existência). Diz o autor que somos a segunda geração que experimenta vivencialmente o niilismo.

Somos a segunda geração daqueles para os quais a dúvida da dúvida não é apenas um passatempo teórico, mas uma situação existencial.
Ou seja, temos a dúvida da dúvida.

Estranho né?
Mas, é uma das reflexões que Vilém nos traz.

O livro traz, também, passagens de algumas figuras míticas como Orfeu, Afrodite, Pã, entre outras.

O autor ainda diz que a dúvida é absurda, e, aí surgem outras perguntas:
Por que duvido?
De que duvido?
e por fim
Duvido mesmo?

Bem, o livro é realmente um pouco complexo mas nos transporta a continuar com a grande aventura, que é o PENSAMENTO. 

Em outras palavras, diz o autor: "voltemos a ser pensantes".

Duvida??

Leia o livro!

Professor Mario Mello