Livro escrito pelo consagrado Jean Grenier (1898-1971), "As Ilhas" é um daqueles livros muito profundos e de muitas reflexões.
Grenier nasceu em Paris, cresceu na Bretanha (noroeste da França) e lecionou na Universidade de Argel nos anos 30, quando publicou "As Ilhas" em 1933.
Em sua passagem pela Universidade de Argel, teve Camus como aluno e que veio a torna-se, grande amigo.
Nos textos de "As Ilhas", pequenas cenas semelhantes a um diário como passeios por algumas cidades européias, a contemplação de um gato, conversas com um açougueiro moribundo, desencadeiam muitas reflexões sobre a realidade das coisas e suas inquietações.
Relata Camus, sobre o livro: "As grandes revelações que um homem recebe em sua vida são muito raras, umas das outras, no mais das vezes. Mas elas transfiguram como a sorte."Grenier formula sua percepção da insuficiência humana a partir de uma ávida adesão à luz mediterrânea: "O sol o isola e o ser se encontra face a face com ele mesmo -sem nenhum ponto de apoio".
Granier compara "As ilhas" com a solidão que se abate sobre o mundo. Um livro publicado em 1933 e que é tão real e contemporâneo.
Digo a vocês que não é uma leitura fácil. É um livro com profundos caminhos filosóficos, ao mesmo tempo que tem passagens simples, porém de grande pragmatismo como: "o que distingue os homens não são suas pretensas ideias, são suas ações."
Jean Granier encontra uma ilha na Índia onde aprende o bramanismo, com uma certa indiferença, buscando o equilíbrio entre plenitude e história.
Para finalizar, diz Granier: "Parece-me que, por toda parte onde estiverem o sol, o mar e as flores, serão para mim as ilhas. Eu não tenho que compreender, eu só tenho que tocar."
Enfim, "As ilhas" é um livro diferenciado e que novos leitores cheguem a ele, como recomendou Camus, e que eu recomendo (quem sou eu).
Profundas reflexões!!
Professor Mario Mello