Como é natural, cada um de nós tem sua identidade. Ela pode ser numérica através do numero da carteira de identidade, do CPF, da ordem da chamada do professor para os estudantes, no emprego normalmente temos uma matrícula e assim por diante. Ela pode ser por imagem como a nossa foto no MSN, na carteira de motorista, no cartão do transporte coletivo etc. É comum, passado algum tempo sem vermos determinada pessoa com a qual tivemos breves contatos, encontrarmos esta mesma pessoa, ela nos reconhece e nos chama pelo nome criando uma situação às vezes embaraçosa porque não nos lembramos direito daquela pessoa. Certamente ela observou alguma qualidade à época que a fez guardar em algum canto da memória nossa imagem e nosso nome. O inverso também acontece; nós nos lembrarmos perfeitamente de alguém que não se lembra da gente.
Porém, a identidade que marca muito mais a pessoa é a sua identidade comportamental, os seja, do jeito que somos, do jeito que agimos, do jeito que nos portamos e do jeito que nos manifestamos.
No mundo atual e moderno, tem a identidade que incomoda a muitos e glorifica outros. Na eterna discussão do “ser” ou do “ter”, o “ter” tem levado uma extensa vantagem competitiva no mundo capitalista que vivemos. Não se trata aqui de ser nem a favor nem contra o capitalismo é apenas uma realidade que nos acompanha em nosso dia a dia e que torna o “ter” mais importante que o “ser”.
Não é fácil inverter esta equação, uma vez que todo nosso sistema educacional, seja na família ou na escola, está constantemente influenciando nossos jovens que o importante é ter um bom emprego e ganhar muito dinheiro. O empresário é conhecido e valorizado quando sua empresa é próspera e lucrativa, o que lhe dá um status de pessoa bem sucedida e de sucesso. O homem do campo que tem muitas léguas de terra, antigamente chamado de coronel, também disfruta de seu reconhecimento pelas propriedades que possui, ou seja, pelo que tem. Assim, inúmeros outros exemplos de profissionais sejam liberais ou empregados criam a sua identidade pelo que tem e não pelo que são. Os políticos que têm muito mais do que são, etc. Deixemos aqui registrado, também, que em todas as classes, profissões e identidades existem as exceções.
Mas então, como vamos identificar as pessoas que valorizam mais o “ser” do que o “ter”? Onde estão estas pessoas que a nossa sociedade pouco enxerga?
Existem empresários que valorizam o ser em equilíbrio com o ter tornando suas empresas não só respeitadoras das normas e leis que regem o mercado, mas principalmente, agindo com decência e ética nas relações com clientes, empregados, fornecedores e meio ambiente o que lhes confere a identidade comportamental que glorifica e não a que incomoda.
Quantas pessoas, anonimamente, prestam serviços à sociedade sem exigir nenhum tipo de contrapartida a não ser pelo prazer de ajudar e de ter o seu “ser” muito melhor que o seu “ter”. Essa identidade comportamental talvez seja a principal identidade que temos e que impulsiona a felicidade.
Há também, aquelas pessoas que só valorizam nos outros o ter, não vendo outras qualidades que senão as posses. Estas mesmas pessoas, ardilosas, muitas vezes se transformam em obcecados guerreiros do “ter”, que esquecem até mesmo de sua própria identidade.
Já pelo lado dos políticos, infelizmente, a maioria privilegia o ter em detrimento do ser o que lhes confere por uma esmagadora maioria a fama de identidade comportamental inadequada que certamente incomoda tanto ao político como a população que espera atitudes éticas e dentro da lei. Quem está perto do poder certamente teria mais condições de ter a coerência como característica marcante, porém não é o que se vê tornando as demonstrações exemplos a não serem seguidos.
Portanto, comecemos a prestar mais atenção na identidade comportamental das pessoas, sejam elas próximas ou não. Como é importante o equilíbrio. Precisamos do “ser” cada vez mais forte, mas também precisamos do “ter” para suprir até mesmo nossas necessidades básicas da vida. Se cada um de nós buscarmos aprimorar, qualificar e principalmente respeitar o “ser”, provavelmente o “ter” virá automaticamente.
As características não são excludentes, eu posso ser e ter, como também, posso ter e ser. Muitos grandes líderes sejam em ambientes empresariais ou não, têm as duas características em equilíbrio. Esse provavelmente seja o ingrediente mais importante para nossa identidade comportamental que muitas vezes ultrapassa nossa temporalidade terrestre fazendo com que sejamos lembrados após a morte como grandes pessoas.