sexta-feira, 16 de setembro de 2011

PAI E FILHO

PAI E FILHO
Os filhos muitas vezes não tem ideia de como podem dar alegria e orgulho aos seus pais mesmo que involuntariamente.
 Eu como pai, experiente, que já passei dos 50, que já cumpri uma carreira profissional de mais de 30 anos numa instituição bancária sempre gostei de estudar e me qualificar acreditando sempre em buscar novas experiências e aprendizado. Em 2011 consegui aprovação num curso de mestrado em engenharia, pois minha primeira graduação foi na área de engenharia de produção mecânica e voltei aos bancos escolares na UFSM onde já havia estudado há muitos anos.
Antes disso, em 2010, para minha alegria e orgulho meu filho de 18 anos conseguiu aprovação no vestibular também na área de engenharia e também na UFSM. Hoje, em alguns dias da semana, vamos juntos às aulas que temos no mesmo prédio onde convivemos no mesmo ambiente escolar e de conhecimento.
É impossível descrever a felicidade que especialmente hoje, um dia normal, comum, sem nenhuma situação específica, eu senti ao sairmos de casa e ao chegarmos juntos às  8 horas para nossas respectivas aulas. Embora já tivesse me dado conta disso antes, hoje resolvi escrever.
Quantas experiências já passei na minha vida, a maioria boas, para não sentir nada de diferente numa situação como esta corriqueira, porem não normal. Não é comum esta situação de pai e filho estudarem juntos na mesma universidade e em cursos afins.
 Mas hoje, especialmente hoje, fui invadido por um sentimento de orgulho, de alegria, de prazer, enfim de felicidade por estar e chegar junto com meu filho à universidade. É difícil encontrar palavras que descrevam este momento. Quantos pais gostariam, mas não podem, por várias razões, ter este privilégio que tenho. Por isso, agradeço a Deus e a você meu filho por esta imensa felicidade que sinto quando vamos juntos à aula. Momentos como este de intensa felicidade num mundo tão estressado como é o atual nos fazem acreditar que pequenos gestos trazem grandes alegrias e que vale a pena valorizarmos sempre a simplicidade da convivência de pai e filho.

domingo, 14 de agosto de 2011

A IDENTIDADE

Como é natural, cada um de nós tem sua identidade. Ela pode ser numérica através do numero da carteira de identidade, do CPF, da ordem da chamada do professor para os estudantes, no emprego normalmente temos uma matrícula e assim por diante. Ela pode ser por imagem como a nossa foto no MSN, na carteira de motorista, no cartão do transporte coletivo etc. É comum, passado algum tempo sem vermos determinada pessoa com a qual tivemos breves contatos, encontrarmos esta mesma pessoa, ela nos reconhece e nos chama pelo nome criando uma situação às vezes embaraçosa porque não nos lembramos direito daquela pessoa. Certamente ela observou alguma qualidade à época que a fez guardar em algum canto da memória nossa imagem e nosso nome. O inverso também acontece; nós nos lembrarmos perfeitamente de alguém que não se lembra da gente.
 Porém, a identidade que marca muito mais a pessoa é a sua identidade comportamental, os seja, do jeito que somos, do jeito que agimos, do jeito que nos portamos e do jeito que nos manifestamos.
            No mundo atual e moderno, tem a identidade que incomoda a muitos e glorifica outros. Na eterna discussão do “ser” ou do “ter”, o “ter” tem levado uma extensa vantagem competitiva no mundo capitalista que vivemos. Não se trata aqui de ser nem a favor nem contra o capitalismo é apenas uma realidade que nos acompanha em nosso dia a dia e que torna o “ter” mais importante que o “ser”.
            Não é fácil inverter esta equação, uma vez que todo nosso sistema educacional, seja na família ou na escola, está constantemente influenciando nossos jovens que o importante é ter um bom emprego e ganhar muito dinheiro. O empresário é conhecido e valorizado quando sua empresa é próspera e lucrativa, o que lhe dá um status de pessoa bem sucedida e de sucesso. O homem do campo que tem muitas léguas de terra, antigamente chamado de coronel, também disfruta de  seu reconhecimento pelas propriedades que possui, ou seja, pelo que tem. Assim, inúmeros outros exemplos de profissionais sejam liberais ou empregados criam a sua identidade pelo que tem e não pelo que são. Os políticos que têm muito mais do que são, etc. Deixemos aqui registrado, também, que em todas as classes, profissões e identidades existem as exceções.
            Mas então, como vamos identificar as pessoas que valorizam mais o “ser” do que o “ter”?  Onde estão estas pessoas que a nossa sociedade pouco enxerga?
 Existem empresários que valorizam o ser em equilíbrio com o ter tornando suas empresas não só respeitadoras das normas e leis que regem o mercado, mas principalmente, agindo com decência e ética nas relações com clientes, empregados, fornecedores e meio ambiente o que lhes confere a identidade comportamental que glorifica e não a que incomoda.
Quantas pessoas, anonimamente, prestam serviços à sociedade sem exigir nenhum tipo de contrapartida a não ser pelo prazer de ajudar e de ter o seu “ser” muito melhor que o seu “ter”. Essa identidade comportamental talvez seja a principal identidade que temos e que impulsiona a felicidade.
Há também, aquelas pessoas que só valorizam nos outros o ter, não vendo outras qualidades que senão as posses. Estas mesmas pessoas, ardilosas, muitas vezes se transformam em obcecados guerreiros do “ter”, que esquecem até mesmo de sua própria identidade.  
Já pelo lado dos políticos, infelizmente, a maioria privilegia o ter em detrimento do ser o que lhes confere  por uma esmagadora maioria a fama de identidade comportamental inadequada que certamente incomoda tanto ao político como a população que espera atitudes éticas e dentro da lei. Quem está perto do poder certamente teria mais condições de ter a coerência como característica marcante, porém não é o que se vê tornando as demonstrações exemplos a não serem seguidos.
             Portanto, comecemos a prestar mais atenção na identidade comportamental das pessoas, sejam elas próximas ou não. Como é importante o equilíbrio. Precisamos do “ser” cada vez mais forte, mas também precisamos do “ter” para suprir até mesmo nossas necessidades básicas da vida. Se cada um de nós buscarmos aprimorar, qualificar e principalmente respeitar o “ser”, provavelmente o “ter” virá automaticamente.
            As características não são excludentes, eu posso ser e ter, como também, posso ter e ser. Muitos grandes líderes sejam em ambientes empresariais ou não, têm as duas características em equilíbrio. Esse provavelmente seja o ingrediente mais importante para nossa identidade comportamental que muitas vezes  ultrapassa nossa temporalidade terrestre fazendo com que sejamos lembrados após a morte como grandes pessoas.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O trabalho e o não trabalho

“O trabalho dignifica o homem.” Expressão tão difundida entre todos nós, revela  como o trabalho é tratado e até mesmo venerado. Realmente só quem não tem trabalho sabe o quanto ele é importante sobre vários aspectos na vida das pessoas. Os constantes levantamentos e estatísticas sobre o trabalho e o desemprego estão sempre entre os temas econômicos e sociais de maior relevância, seja nos países desenvolvidos ou nos países em desenvolvimento.
 Entretanto, cabe nos questionarmos até que ponto podemos e devemos considerar o trabalho como a coisa mais importante da nossa vida. Obviamente ele é importante, porém temos o direito de esquecer um filho trancado dentro de um carro por causa do trabalho?
Já aconteceu na França, em Santa Catarina, em São Paulo, recentemente em Porto Alegre, e quinta feira 05/05/2011,  em Novo Hamburgo, um pai foi ao trabalho e esqueceu por horas a filha de 7 meses trancada dentro do carro no estacionamento da empresa. E, a tragédia se manifestou na sua mais cruel forma: a morte da criança.
O pai, chocado, disse que iria durante a tarde levar a criança ao médico, porém ao ingressar na empresa os afazeres diários e rotineiros tiraram-lhe a atenção em relação à criança e o esquecimento aconteceu e a tragédia também.
Como o trabalho pode ser mais importante que um filho? Como uma pessoa pode cometer um ato impensado desta natureza? Será a pressão do trabalho sobre o pai? Será a pressão do desemprego? Será o tipo de gestão da empresa que não permite, em casos excepcionais, que os filhos possam estar com os pais por alguns instantes no ambiente da empresa? Será a empresa a prioridade do pai em relação à sua família? Será a fatalidade do destino, explicação que se dá, quando não se tem explicação? Será o estresse a doença do século? Será o modelo de sociedade que vivemos hoje, onde o ter é mais importante do que o ser?
Quantas perguntas provavelmente sem respostas, ou com respostas evasivas do tipo: talvez.
O fato é que a tragédia aconteceu por causa do trabalho e ficará marcada para sempre na vida do pai, da família, dos amigos, dos colegas da empresa, enfim de todos que tem sensibilidade para saber que trata-se de uma tragédia dos tempos modernos. É certo que não devemos achar que o trabalho é o grande vilão e o problema do nosso tempo, pelo contrário, ele é necessário, engrandece as pessoas, é vital para a sociedade, porém ele deve ter limites sobre as pessoas, ou melhor, as pessoas terem limites sobre o trabalho para se evitar tragédias tão sem sentido como esta de Novo Hamburgo.
Todos nós, sem exceção, devemos valorizar mais o tempo do não-trabalho, que é o tempo que temos fora das empresas. É o tempo da família, do lazer, do esporte das relações sociais, pois o tempo é uma arte e é o mesmo para todos nós. Ninguém tem mais dos que as 24 horas do dia seja pobre, seja rico, seja intelectual, seja analfabeto,  seja homem, seja mulher, seja jovem, seja idoso,  seja estudante, seja trabalhador, enfim, qualquer um de nós tem rigorosamente o mesmo tempo. A arte é saber usá-lo com maestria.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

A arte do tempo

MARIO  MELLO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
Julho/2011


 O TEMPO

Será o tempo uma arte? Será o tempo a própria vida? Será que a doença do mundo moderno é a falta de tempo e não sabemos se tem cura?  E o tempo vivido é suficiente? Quantas perguntas e talvez todos tenhamos nossas “regras” ou todos temos nosso “jeito” de tratar do tempo.
Se fosse possível conceituar o tempo, poderíamos dizer que é aquilo que mede uma transformação. Por exemplo um ovo cru em um ovo cozido a transformação é de cerca de 3 minutos; de um menino a um homem é de cerca de 20 anos; e assim por diante.
Usando uma pequena metáfora, podemos dizer que temos uma “pequena pasta” de tempo onde só cabem 24 horas. Nestas 24 horas temos: reuniões, transportes, escola, encontros, telefonemas, refeições, leitura de revistas, jornais, livros, esporte, compras, amores, trabalho e .... transbordou nossa pasta das 24 horas e ainda não dormimos.
Sim, o tempo é uma arte. Arte de saber usá-lo. Ganhar ou perder tempo não tem sentido algum. Na prática o tempo é um recurso disponível e essencial e dotado de características para que todos usem. Como todo recurso o tempo está disponível e destinado a ser usado. Talvez seja o recurso mais democrático existente na natureza, pois qualquer um tem o mesmo tempo. Ele não pode ser comprado nem vendido: o poderoso ou o miserável, o trabalhador ou o aposentado, o inteligente ou o ignorante, cada um tem estritamente o mesmo tempo a sua disposição.
A nossa vida se confunde com o tempo. Como temos todo o tempo a nossa disposição, o único poder que temos é a capacidade de mudar nossas atitudes em relação ao tempo. Como o tempo não pode ser economizado, estocado, fabricado ou multiplicado, se não o usarmos adequadamente ele desaparece da mesma maneira. Por exemplo o avião Concorde, embora tenha sido um desastre financeiro, talvez tenha sido o primeiro produto comercial que permitiu ao homem realizar um de seus mais velhos sonhos: voltar no tempo. Decolando as 11 horas de Paris e pousando em Nova York as 8 horas, permitia a alguns privilegiados chegar 3 horas antes de ter partido. Obviamente que isto corresponde a um tempo simbólico pois embora este relógio possa representar um triunfo sobre o tempo, o verdadeiro relógio, o biológico não se alterava.
Time is Money, provavelmente esta seja a doença dos últimos séculos pois invariavelmente nos leva ao estresse. Para alguns, o dinheiro é um elemento neutro na análise do tempo, pois ele pode ser bem ou mal empregado. Já o tempo, no fim das contas é o que mede nossas vidas, ou seja, o homem sempre associou o uso do tempo ao sentido da vida pois a consciência de que o tempo é um recurso escasso e que não se compra ou não se vende desassocia o tempo do dinheiro. Não podemos desconsiderar que o dinheiro tem um papel influente na sociedade de consumo, porém ele, dinheiro, não compra o tempo e que tem mais ou menos dinheiro, não tem mais ou menos do que as 24 horas dentro da sugerida “pasta das 24 horas”.
O tempo vivido talvez seja o bem mais precioso que temos, pois está ligado ao precedente, ou seja, nossa história. Para o tempo vivido uma hora, um mês, um  ano, não tem a mesma duração subjetiva pois depende das circunstâncias que  se deram esta hora, este mês ou este ano. É o tempo vivido que em diversos graus faz falta para todos nós. Muitos de nós não valorizamos o tempo presente, queremos antecipar o futuro, como que para apressar seu passo, ou valorizamos demais o passado para segurá-lo porque ele se vai muito rápido. Somos um pouco imprudentes pois muitas vezes invadimos o tempo dos outros e deixamos que outros invadam o nosso tempo.
Para finalizar, uma frase de Napoleão Bonaparte: “O tempo é a grande arte do homem.”

Professor Mario