segunda-feira, 20 de abril de 2020

ESPAÇO - CONVIDADOS DO BLOG


Ana Luiza





Texto escrito por Ana Luiza Poche
Acadêmica do curso de Engenharia de Produção-UFSM




Leia por prazer e não se cobre... Ou não cobre dos outros.


Talvez você já tenha visto em alguma rede social os resultados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil de 2016. Se ainda não encontrou nenhum desses dados rolando no seu feed do Instagram, vou avisando que os resultados para os brasileiros não foram bons. 

A média nacional de leitura é de 2,43 livros por ano, isso considerando apenas os livros que foram lidos até a última palavra. Se considerar livros lidos em partes, então o resultado até da uma melhorada, chegando a 4,96 livros por ano. O que não é muito, se compararmos com outros países.  Por exemplo, a França, que nem é o país que mais lê no mundo, tem a média anual de 21 livros

Antes que você comece a pensar que deve ler mais e fazer metas mirabolante (porque eu sou desse tipo de pessoa) ou, então, simplesmente ignore que esse fato tem impacto no desenvolvimento de um país, quero dizer que o meu objetivo de expor esses fatos não é para convidar você para ler mais livros, mas sim falar sobre um tema ignorado: motivação para manter o hábito.

pesquisa que mencionei acima revelou mais um dado interessante. Segundo ela, o maior motivador dos leitores em ler é o gostar. Seguido por motivação de se atualizar ou por conhecimento geral distração. Enfim, arriscando fazer uma interpretação errada desses resultados, acredito que o prazer em ler, independente de efeitos secundários (desenvolvimento pessoal e profissional, benefícios no vocabulário, criatividade...), é o que primeiro mantém o hábito. A recompensa, como apontaria Charles Duhigg em seu livro O Poder do Hábito.

Uma prova pessoal disso é o fato da minha mãe, no ano passado, ter lido em torno de 80 livros. Desconsiderando o fato dela ser aposentada, o que ajuda muito ela ler esse volume de livros, ela leu coisas que ela gostava e com o intuito de se divertir fazendo isso. Para ela, ler não é algo que ela faz para ganhar dinheiro ou que deve ser visto como trabalho, é sim um hobby.

Acho que a maioria das pessoas com quem eu convivo colocam a leitura nesse rótulo: um hobby que traz prazer e outros efeitos secundários. Não esquecer dessa definição pode te ajudar muito na manutenção do hábito da leitura. Por que estou dizendo isso? Porque, nesse ano, uma dificuldade que a minha mãe leitora tem passado é a culpa por ler apenas um tipo de gênero. Pior ainda: ter uma lista de lidos que não tem representantes dos endeusados clássicos.

Nossas discussões sobre isso acabam sempre com nós duas chegando na mesma conclusão: se não gera renda, se não há um desejo maior (como: quero ler um livro para melhorar tal habilidade) e está com tempo livre, leia o que quer por diversão prazer. Afinal, é um hobby. Você, com o tempo, pode sentir desejo de melhorar ele. Pode querer sair da zona de conforto. Ler autores de nacionalidades que não conhece. Pode ler livros consagrados pela crítica especializada. Ler aquele clássico cheio de palavras novas e parágrafos rebuscados. Pode não gostar de ler clássicos ou até pode ser alguém com muita bagagem pra falar de um gênero específico. Mas não perca a essência do hobby. Faça algo por prazer, que seja bom para você, sem culpa ou por status.

Leia para estimular a imaginação, se aventurando em clássicos da ficção científica ou até os novos romances. Leia para decodificar um passado real ou fantasioso e entender os reflexos que trás para nossa atualidade. Leia para sentir e viver novas vidas, e entender a magnitude que certos eventos são para pessoas diferentes de nós. Ou leia apenas para relaxar e se distrair. Independente das razões que vão te levar a um livro, tenha nessa atividade o máximo de prazer possível.

Por fim, quero deixar 3 livros que me recompensaram com horas de diversão e indico para qualquer pessoa que quer começar a ler ou melhorar o hábito:
Assassinato no Expresso do Oriente, da Agatha Christie: Livro gostosinho de ler, pequeno, fácil de acompanhar os fatos, com um mistério bem instigante para qualquer pessoa que gosta de quebra-cabeças. Além disso, tem ótimas adaptações que pode ajudar muito na experiencia literária. Se já olhou o filme que saiu em 2017, pelo diretor Kenneth Branagh, aconselho ler, ainda da mesma autora, Morte no Nilo. Só posso repetir os elogios. 



Jogador nº 1, do Ernest Cline: Essa ficção científica teve uma adaptação para os cinemas recentemente também. Se ainda não viu o filme, aconselho fortemente ler antes. É fácil de ler, tem muitas referências da cultura geek dos anos 80/90 (o que eu amo muito porque conheço a maioria). O enredo é leve apesar de trazer críticas nas entrelinhas. Acredito que para quem já leu Admirável Mundo Novodo Aldous Huxley vai poder fazer alguns paralelos.

- A Revolução dos Bichos, do George Orwell: Clássico, uma leitura formidável. E para não chover mais no molhado, vou apenas dizer que o enredo é fácil de ler e você pode fazer vários paralelos com algumas notícias recentes do mundo. 



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